domingo, 24 de fevereiro de 2008

Por que o povo se preocupa tanto com festa?




"A praça é do povo como o céu é do condor." Apesar de nunca ter visto um condor, uma coisa é certa: nada mais mobilizador para a cidade do que a prévia de uma festa que irá acontecer em local público. Quem vai tocar? Vem gente de fora?Vai dar muita gente? Vai ser boa? Todo ano é assim. A festa é um catalizador da dor e da alegria de um povo. E também rememora antigos rituais perdidos no tempo. Nossos ancestrais se adornavam, se preparavam para a festa da colheita, do nascimento, de seus deuses e até da morte. Cantavam, dançavam, entravam em êxtase. E depois podiam voltar ao seus cotidianos. A festa é importante desde os primórdios da humanidade. A vida é muito dura para não se ter Carnaval. Mas o que mudou nos nossos dias atuais? A calça jeans, a liberação do sarro público com o advento do forró, o uísque falsificado, uma moda a cada segundo, o mercado fonográfico, essas coisas... Nada de mais. E por falar nisso, como vai ser a Festa dos Estudantes?

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Fi de Jacó, fi de Jacó, filho de Jacó!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Quem foi ao sábado de Zé Pereira em Triunfo deve ter escutado (ou cantado) uma marchinha pra lá de curiosa. "Fi de Jacó, fi de Jacó, filho de Jacó! Vão tudo pra uma porra, vão tudo pra uma porra, vão tudo se lascar!!!!!!!!" De onde terá surgido? Quem é o autor? Por que não tem rima? O Mugunzá Eletrônico investigou a fundo esse mistério e revela com exclusividade o enigma do filho de Jacó.
Em meados dos anos 90, um grupo de amigos inventa (de improviso) o refrão tão polêmico, em homenagem a nosso querido Jean Saulo, referência a sua semelhança fisionômica com outra figura triunfense: Jacó. Não se conformando com a gréia, Jean logo rebateu: "Vão tudo pra uma porra!!!!Vão tudo se lascar!!!!!" Pronto, surgiu a marchinha que não pode faltar no Carnaval. Caiu na boca do povo e tornou-se a mais jovem música de domínio público triunfense.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Os Caretas



Nos anos 80 só existiam dois tipos de careta: o careta arretado e o careta mijado. O careta mijado era o careta desajeitado, pobre de adereços. O careta mijado não preparava sua roupa: tudo era improviso; um paletó velho, a calça do avô, uma camisa emprestada. Não manuseava bem as técnicas de relho nas apresentações. Podia também ser uma criança, que pela arte da chacota era apelidado dessa forma. Talvez essa expressão tenha surgido fazendo referência aos pequenos, que ainda eram "mijões"e não eram caretas dos grandes. Mesmo arrumadinhos pelas suas mães com todos os adereços, os simpáticos caretas mirins corriam o risco de se aborrecerem com tal apelido. Pura gréia. Pobres guris. Caretas grandes não se misturavam com os pequenos. Isso é perfeitamente compreensível, visto que os caretas chamados de grandes não passavam de adolescentes, e que pela idade é comum atuarem em grupos fechados, nos mais variados espaços. Uma questão de auto-afirmação. Prova disso é que as trecas (substantivo coletivo de careta) estavam vínculadas aos bairros, o que demonstra essa relação: os caretas da rua do Ginásio, do Alto da Boa Vista, da Encruzilhada.

Já o careta arretado era só brilho: muita fita de seda, lantejoilas, plumas, espelhos, cetim. Era um relho que estrondava nas ruas apertadas, como a rua do surrão. Era uma tabuleta feita toda com sinetas, sinônimo de ostentação. O careta arretado provocava admiração, pânico e terror nas crianças da cidade. Uma figura misteriosa, e para alguns aterrorizante...

Com o tempo o careta tornou-se uma figura pop pernambucana, junto com o caboclo de lança e o rei e a rainha do maracatu. Saber se isso foi bom ou ruim já é outra discussão. Mas sem sombra de dúvida tornou-se o ícone da cidade: Triunfo, a terra dos caretas. Hoje ser careta é um estado de espírito, uma brincadeira que não tem idade, sexo ou orientação política. Uma figura acima de tudo respeitada e querida. E o careta mijado?Aquele desajeitado? Entrou em extinção.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Carnaval em triunfo: do lírico ao surreal


Alguns já estão chamando de a Olinda do Sertão. Comparações à parte, Triunfo mostrou como nunca seu potencial e sua vocação cultural nesse Carnaval. Havia algo de diferente no ar. Os caretas nas ladeiras, com o seu mistério e magia; o êxtase coletivo do frevo nas ruas( que por sinal, que frevo acelerado!!!!), os cortejos mais que suntuosos dos maracatus e afoxés, a irreverência das fantasias. Os blocos, um mais alucinado que o outro.Era o jeito pernambucano de fazer um carnaval de rua, do povo, sem cordões de isolamento ou segregações. O que estava no ar era um sentimento de pertencimento, de orgulho de ser pernambucano. Era o prazer de ser brincante. Sem maiores pretenções.